sábado, 4 de setembro de 2010

Perto de Tóquio vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta.Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.Desapontados pelo fato de que o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram:- Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? – perguntou o Samurai.- A quem tentou entregá-lo – respondeu um dos discípulos.- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos – disse o mestre. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo.
“A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas só podem lhe tirar a calma, se você permitir”.





Samurai [侍]

“Assim como a flor de cerejeira é a flor por excelência, da mesma forma o samurai é, entre os homens, o homem por excelência”.

Estes guerreiros, além de excelentes cavaleiros, dominavam a arte da katana (espada japonesa) e do kyudo [弓道] (arco e flecha). Eram homens leais, resistentes, disciplinados, dignos, letais e não temiam a morte. Uma das mais importantes questões éticas abordadas no bushido [武士道] (código de conduta do samurai) dizia que o samurai não deveria temer a morte, mas sim encará-la como uma forma de renascimento. Jamais, em toda a história, fora registrado um código de ética tão exigente como o bushido.